[Crítica] Quarteto Fantástico (2015): um reboot promissor, porém decadente


Título Original: Fantastic Four
Ano: 2015
Duração: 1 hora e 40 minutos
Direção: Josh Trank
Frase que resume o filme: Fantástico? Nem um pouco.

Olá, pessoas! Lucas aqui. Hoje a crítica é do último filme de super-heróis de 2015, 'Quarteto Fantástico', uma produção da 20th Century Fox baseada nos quadrinhos da Marvel.

Na trama, quatro adolescentes são conhecidos pela inteligência e pelas dificuldades de inserção social. Juntos, são enviados a uma missão perigosa em uma dimensão alternativa e perigosa que altera as suas formas físicas de maneira surpreendente. Com suas vidas irrevogavelmente abaladas, eles precisam aprender a aproveitar as suas novas habilidades e trabalhar juntos para salvar a Terra de um antigo amigo transformado em inimigo (Toby Kebbell). Munidos desses poderes especiais, eles se tornam Reed Richards, o Senhor Fantástico (Miles Teller); Sue Storm, a Mulher Invisível (Kate Mara); Johnny Storm, o Tocha Humana (Michael B. Jordan) e Ben Grimm, o Coisa (Jamie Bell).

Eu estava realmente torcendo por esse reboot. Mesmo tendo um certo carinho pelos filmes anteriores (ainda que eles sejam ruins), eu era do time das pessoas que não ficava se fazendo de fanboy e gritando aos quatro ventos: DEVOLVAM OS DIREITOS PARA A MARVEL STUDIOS e etc. Minha principal esperança era 'X-Men: Primeira Classe', que tinha trailers ruins e pôsteres horrorosos, além de uma trama meio estranha numa mistura de reboot com prequel. Porém, o resultado foi um filme incrível e referência em termos de filmes de super-heróis.

Bem, não foi o que aconteceu aqui.

Vamos nos focar primeiro nas coisas boas, que correspondem a mais ou menos à primeira hora do longa. O início mostrando a genialidade de Reed desde a infância e sua amizade com Ben é bem construído e bebe diretamente dos quadrinhos, mais especificadamente do Universo Ultimate. Quando chegamos aos dias atuais, temos o início da construção entre a relação familiar entre Sue e Johnny, e quando os personagens enfim se encontram, os atores parecem bem entrosados.

A viagem para a outra dimensão, a Zona Negativa (mas por algum motivo estranho e aleatório chamada no filme de Planeta Zero), apesar de contar com uma fotografia escura e que acaba deixando tudo mais parecido com um mundo alienígena estilo Zack Snyder/Warner Bros, é bem-feita, e as consequências dela (bem gráficas, por sinal) dão ao filme toques profundos de sci-fi old school e filmes de horror, algo que não se vê nos filmes do gênero, tendo um clima parecido com o que David Cronenberg colocava em seu filmes. A própria abordagem dos 'poderes' lembra como os mutantes se sentiam nos dois primeiros filmes da franquia X-Men. Esse diferencial garante um certo quê de novidade que dá ao longa uma profundidade surpreendente. Principalmente, as atuações de Miles Teller, Toby Kebbell como Victor Von Doom, Jamie Bell e Michael B. Jordan se destacam. Até nesse ponto do filme, eu tinha minhas esperanças colocadas para o alto. Foi quando acabou a primeira hora.

Aí, chegamos na parte ruim.

Uma das coisas que menos gostei em 'Vingadores 2' foram as conexões forçadas com o universo cósmico da Marvel e os cortes no filme que deram a impressão de que: ou ele passa rápido demais ou se torna sacal demais, tendo a relevância de um filler em uma série de TV ou de um anime, algo que não foi culpa do diretor, e sim do estúdio. Na minha crítica de 'Homem-Formiga', falei de que o filme se segurava bem ao focar em seu conteúdo original, mas que podia sentir a mão do estúdio nas cenas que o ligavam com o UCM.

No caso deste filme, a Fox não apenas pesou a mão no filme. Ela praticamente o retorceu. Brutalmente. Com 'Fatalities'.

Os quarenta minutos restantes destoam de uma maneira tão brutal que reforçam ainda mais os rumores dos bastidores que o diretor foi demitido e o terceiro ato foi refilmado. Os efeitos especiais, antes aparentemente dignos, se tornam, sendo o mais imparcial possível, inferiores aos da primeira geração do PlayStation 3 e sendo mais cruel, piores que PlayStation 2. O máximo de emoção que existe é causado pela trilha sonora apenas correta dos renomados Marco Beltrami e Philip Grass.

O vilão, que qualquer pessoa pode deduzir que é o Doutor Destino (afinal, isso aparece no trailer e o Quarteto não é um Groot ou um Hank Pym da vida), além de possuir uma motivação ridícula e um plano bisonhamente pífio, surge com poderes que são uma mistura de um Dr. Manhattan wannabe e o Avatar (Sim, de 'Avatar: A Lenda de Aang'), mas que mesmo assim consegue levar porrada de quatro adolescentes que nunca lutaram juntos e nunca treinaram qualquer tipo de ação em equipe, tudo isso em um clímax mal dirigido, mal-escrito (que raio de diálogo é '-Ele é mais forte do que qualquer um de nós!/Mas não é mais forte do que todos nós!' Hã? SÉRIO?), mal produzido e com um desfecho, além de previsível, altamente anti-climático e infantil, pior do que a própria Fox fez no final da primeira adaptação cinematográfica de Percy Jackson, em 2010. Até mesmos os atores (chamados às pressas para as regravações) estão visualmente desconfortáveis e longe de mostrarem a cumplicidade que demonstravam minutos antes em tela, sendo o personagem feito em captura de movimentos Coisa mais emotivo do que os outros nesse momento.

É triste porque os indícios colocados no início do filme davam a impressão que algo diferente e talvez até icônico estava a caminho. Mas, com a mania dos estúdios de não darem liberdade criativa a seus diretores, sem falar que o filme só foi produzido para a produtora não perder os direitos, geram uma obra que mesmo começando bem, desanda de uma forma apocalíptica - mais catastrófica do que a ameaça que os personagens principais tentam impedir.

Mesmo sendo um fã do Quarteto, e tendo um respeito enorme pela primeira equipe de super-heróis criada pela Marvel Comics, preferi a fidelidade com os quadrinhos um pouco de fora. Principalmente no caso do visual esverdeado do Doutor Destino. Jesus, meus olhos ainda ardem.

Honestamente, é revoltante ver uma empresa criar um produto mal-acabado e ainda transformá-lo em algo genérico e sem dinâmica, apenas para não perder os direitos. Como o próprio diretor do filme, Josh Trank, afirmou: 'Esse não foi o filme que eu filmei.' Quem sabe a versão original teria sido bem mais recebida e mais condizente com aquilo que o Quarteto merece, e não um longa inicialmente promissor, mas no final patético e bem, bem longe de ser chamado de 'fantástico'.

NOTA:

PS: Ele nem tem uma cena pós-créditos para levantar o ânimo. Eles nem chamaram o Stan Lee para aparecer! É quase um crime.

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