Resenha #115: Cemitérios de Dragões, do autor Raphael Draccon

Nome: Série Legado Ranger - Volume Um: Cemitérios de Dragões
Autor: Raphael Draccon
Editora: Rocco (pelo selo Fantástica)
Nota: 3,5 Estrelas
Compre: Saraiva - Submarino - Livraria Cultura

Um soldado de elite do exército americano desaparecido em uma missão no Afeganistão. Uma africana guerrilheira crescida em meio a conflitos étnicos de Ruanda.Uma garçonete irlandesa praticante de artes marciais mistas. Um hacker brasileiro descendente de orientais. Um dublê francês mestre em Parkour. Cinco realidades distintas. Um fenômeno desconhecido faz cinco pessoas, sem qualquer conexão e espalhadas pelo planeta Terra, acordarem em diferentes regiões de uma realidade devastada por um império de reptilianos e assolada pela escravidão. Os cinco iniciam uma jornada em busca de respostas para sobreviverem no centro de uma guerra envolvendo criaturas fantásticas e demônios dispostos a invocar perigosos seres abissais para servirem a seus propósitos. Porém uma entidade pretende conectar o destino dos cinco humanos e armá-los com uma tecnologia construída à base de metal-vivo, magia e sangue de dragões. Uma tecnologia jamais vista naquela ou em qualquer outra dimensão, capaz de gerar heróis de metal. Batalhas empolgantes, romance e magia. Esse é o universo épico de Cemitérios de Dragões, inspirado em uma visão adulta e sombria das antigas séries Tokusatsu, como Jaspion, Changeman, Flashman, Ultraman e tantas outras, que marcaram a infância de toda uma geração.

Resenha:

Olá, pessoas! Lucas aqui outra vez. Hoje a resenha é de um livro de um autor brasileiro, é o primeiro de uma trilogia (eu acho) chamada Legado Ranger, cujo primeiro livro se chama "Cemitérios de Dragões".

O leitor não tem tempo de respirar, pois logo se é jogado dentro da trama. Logo nos primeiros capítulos, escravizado dentro de minas exploratórias, o soldado americano Derek tenta entender o que está acontecendo. Ao mesmo tempo, Amber, uma garçonete irlandesa, tenta escapar de seu jugo mortal. Longe dali, em uma cidade murada, monges capazes de se transformarem em mistos de homem e leão depositam sua confiança em Ashanti, uma jovem africana. Em outro vilarejo o francês Romain e o brasileiro Daniel se encontram reféns de um crime que não cometeram. Em meio a tudo isso, demônios planejam avançar os domínios do Inferno e criar um evento que promete destruir as barreiras entre as dimensões, enquanto que uma entidade une os destinos dos cinco humanos para juntos, usarem armaduras de metal-vivo e sangue de dragões e salvar o que resta de um mundo aparentemente condenado.

Eu nunca havia lido nada de Raphael Draccon, nem mesmo sua elogiada trilogia Dragões de Éter. Porém, tenho uma certa gratidão por ter sido ele um dos grandes responsáveis por ter trazido as obras de George R. R. Martin para o Brasil. Fui fisgado pela história meio surtada e por uma capa absurdamente bela.

Ainda que isso não seja suficiente para o livro ser muito bom.

Calma. O livro não é ruim. Na verdade é bem legal. O problema é que demora a engrenar. Apesar das primeiras cem páginas serem cheias de ação, elas possuem muitos arcos paralelos que envolvem tanto os cinco protagonistas quanto os vilões. O romance que se desenvolve do arco da garota africana é ensosso e por demais súbito, sem falar da profecia mais estranha já criada. As sensações que ficam é: que não se trata de uma história conjunta, e sim de contos que se passam em um mesmo universo; e que não há tempo suficiente para um amor supostamente tão forte nascer. Tipo, em menos de um dia, a mulher extremamente forte e decidida se rende ao amor de um jovem culto destinado a ser um salvador de seu povo? O que é isso, Disney?

Já o arco de Derek consegue ser mais legal, pelo fato de ser mais bem construído. A adição de Amber na história também ajuda muito, e é a história dele que acaba interligando todas as outras. O arco mais divertido acaba sendo o de Daniel e Romain, um por ser nerd hardcore e o outro, um medroso desbocado, que apesar de caricato, possuir uma personalidade bem divertida.

O autor também abusa (e muito) de frases de efeito, do tipo "Os destinos de todos eles logo seriam entrelaçados", "O amor vence qualquer batalha", "A verdadeira amizade é forjada em lágrimas", o que muitas vezes tira o impacto de cenas ditas emocionantes. Sem falar é claro, de gritos de batalha do tipo "Dragões, atacar!", somando a certas pequenas coisas que às vezes tornam a história menos original e mais parecida como uma versão +18 de um episódio de Power Rangers. A demora para os protagonistas se encontrarem, apesar de plausível, é muito enfadonha. Para se ter uma ideia, o livro tem praticamente 350 páginas, e eles se encontram na página 290, e em menos de 20 páginas já são uma equipe pronta para salvar o universo. Tipo, QUÊ?

Mesmo com todos esses erros, o livro tem suas qualidades. As cenas de ação são o ponto alto, descritas de modo objetivo e realmente empolgante. O visual e a cultura das inúmeras criaturas e dos povos que habitam essa dimensão nova são bem estruturados e com uma vibe bem criativa. O design das armaduras já citadas na sinopse são bem legais, e as últimas 50 páginas são extremamente bem movimentadas, especialmente os Capítulos 37 e 38, que são o ápice da história. A deixa para a continuação também é bem inteligente, e empolga mais do que uma boa parte do livro.

Resumindo: "Cemitérios de Dragões" é um bom livro, mas poderia ser melhor desenvolvido. O universo criado por Draccon é rico e promete render ainda mais. No aguardo.

PS: Um dos demônios mais ameaçadores é uma bruxa chamada Ravenna. Se isso não foi uma referência a Jovens Titãs, honestamente...

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